" Mil poderão cair ao teu lado, e dez mil à tua direita; mas tu não serás atingido."

Que luta, nada melhor do que o versículo de salmos 91.7, acima para descrever estes 6 dias entre a cirurgia e a recuperação. Mas graças a Deus, e força da minha família estou na reta final da recuperação. Quero agradecer novamente a Deus e a minha esposa Paula, filha Maria Izabela, mãe Chica e a todos que oraram por mim. Bom, a mudança de hábito é drástica, por mais preparado que esteja, ainda apanhei muito para readaptar nessa primeira fase. O resultado, como podem ver no quadro ao lado, já se foram de cara quase 10 Kg em uma semana, é brincandeira??? Vou postar semanalmente os pesos e o imc aferidos. Na quarta vou ao médico para tirar os pontos e o dreno (como diriam os mineiros "o trem ruim").

Chegou o dia...

Bem, depois de um pouco de espera, enfim a liberação da Unimed, em consulta com o Dr. Gerson, marcamos a cirurgia para o dia 08 de dezembro. Estou a menos de 12 horas do início da cirurgia. Tive um dia tranquilo, descansei bastante, me alimentei normalmente no almoço e no jantar apenas uns biscoitinhos e 1 copo de suco. Fiz a aplicação da injeção de Enoxoparina sódica, utilizada para diminiur os risco de um trombose venosa, eu mesmo fiz a aplicação na barriga, sem maiores problemas. Quero agradecer desde já, primeiramente a Deus e a Jesus Cristo, por me proporcionarem fazer este tratamento, em segundo a minha esposa Paula e minha filha Maria Izabela, e aos meus pastores, amigos e parentes que estão intercedendo pela minha vida.

Fobi e Capella

"Antes tarde, do que mais tarde..."

Com toda documentação em mãos fui até a central da Unimed para marcar a cirurgia e adivinhem... fila. É fila, como a Unimed de Uberlândia autoriza apenas 3 cirurgias por mês a fila estava para Dezembro de 2008, vamos ter que tomar sopinha de perú e amassadinho de panetone. Não tem nem como argumentar, pois conforme informações, a operação custa cerca de R$ 12.000,00 pelo procedimento aberto e R$ 20.000,00 por videolaparoscopia, com certeza melhor esperar, sem contar que pelo SUS a fila chega até a 5 anos de espera. Nesse meio tempo, vou continuando com as consultas com a psicóloga até a chegada da data da cirurgia. Importante, nada de despedida e abusos, é necessário ir mudando os hábitos desde já, pois assim a mudança será menos traumática. Alguns dias antes da cirurgia, vou tirar algumas fotos e disponibilizar no blog para que possamos ver as diferenças. Se você está em dúvida, procure ajuda profissional, procure uma equipe multi-disciplinar, pois somente estes profissionais podem realmente ajudar a identificar seu problema e buscar a solução adequada, lembre-se: "É menos doloroso aprender com o erro dos outros do que com os próprios erros".

"30 dias depois...."

Por incrível que pareça, demoraram 30 dias para conseguir fazer todos os exames e os processos necessários para avaliação cirurgica: Psicóloga, Psiquiatra, Nutricionista, Endrocinologista (só um exame demorou 20 dias para ficar pronto), Cardiologista (Risco Cirurgico, Esteira e Ultrassonografia) e por último avaliação do Cirurgião. É importante saber de todo este processo para não gerar uma frustração e mais importante ainda é entender que ele é necessário para que tudo ocorra bem na cirurgia e no pós-cirurgico. Eu até comento com algumas pessoas, nesse processo não tem como a pessoas operar e dizer: "Olha, se eu soubesse que seria assim, não teria feito"; pois tudo é explicado nos mínimos detalhes, inclusive fiz um curso pré-operatório mostrando tudo que vai acontecer desde o dia da internação até a fase de recuperação do pós-operatório. Na última consulta com o Dr. Gerson, foram analisados todos os exames, e diagnosticados alguns problemas os quais nem imaginava que existiam: Colelitíase (pedra na vesícula), Esteatose Hepática (infiltração de gordura no fígado, o que ocasiona em casos elevados a hepatite), Hipertriglicemia (taxa de triglicérides elevada, isso ocasiona a conhecida diabetes, a minha está a menos de 10% de estar no nível da diabetes), além da Hipertensão e do Hipotireodismo que eu já sabia. A grande vantagem da cirurgia é que exceto o problema da tireóide e da pedra na vesícula, todos os demais somem e a vesícula será retirada também na cirurgia, ainda bem, pois na maioria dos casos é descoberta a pedra na vesícula alguns meses após a cirurgia e o paciente tem que se submeter a nova cirurgia. Recebi do doutor toda a documentação necessária para fazer o pedido da cirurgia na Unimed e a definição da método a ser utilizado: "Fobi e Capella".

"Começando a jornada"

Creio que Deus tem poder para fazer qualquer coisa e executar um milagre na vida das pessoas, mas também creio que ele usa pessoas para nos abençoar, por isso, decidi ir em frente, passar pela batelada de exames para ver seu eu poderia ser um candidato a cirurgia. Na segunda consulta, já com a psicóloga, enquanto aguardava ser atendido, vi uma mulher com uma criança de colo. Logo lhe dei os parabéns pela coragem, pois haviam 4 meses que tinha feito um parto de cesária e já estava procurando a cirurgia bariátrica, ela começou a rir me dizendo que já havia feito a bariátrica a 1 mês, e exclamou: "Ah, se meu parto fosse 1/10 da cirurgia, eu não teria sofrido tanto no parto." Aí minha ficha caiu, que raio de homem era eu, com medo da cirurgia e uma mulher recém operada com toda essa força. É muito importante trocar experiências com pessoas pós-operadas para que possamos conhecer melhor o método e tirar as "caraminholas" da cabeça. Hoje entendo a importância de se fazer o acompanhamento psicológico, pois a cirurgia é no estômago, a cabeça continua a mesma, sendo necessário entender todas as mudanças que vão acontecer. Desde já quero agradecer a Dra. Thaís, psicóloga, que me incentivou a escrever este blog e tem me ajudado a entender melhor este problema.

"Tudo posso naquele que me fortalece"

Bom, comecei a pesquisar sobre tratamentos sérios para perda de peso e acabei caindo na cirurgia bariátrica, conhecida popularmente como "redução de estômago". Porém, o preconceito e mitos a respeito do assunto, me levaram a ver um método de tratamento chamado "Balão intragástrico", que consiste em introduzir no estômago uma bolha inflada com ar ou líquido. A vantagem é que se trata de um processo menos invasivo, pois é feito através de uma endoscopia (para maiores informações acesse: http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/ge/v13n5/v13n5a02.pdf). Tomei coragem e fui em busca de algum médico que pudesse me orientar mais sobre o tal procedimento e encontrei a clínica Centro Obeso em Uberlândia. Marquei consulta pelo convênio da Unimed e fui atendido pelo Dr. Gerson, que me explicou melhor sobre o processo do balão, que no meu caso não era viável, pois o balão só é recomendado para pacientes que não podem se submeter à cirurgia, por qualquer motivo. Segundo ponto é que a eficácia da cirurgia é de 50%, sendo que o peso máximo eliminado com tal método pode chegar até 20% do seu peso total. Terceiro motivo, o custo, por ser um método com baixa eficácia, nenhum convênio médico cobre, sendo que o custo total do tratamento está em torno de R$ 10.000,00. Saí da clínica arrasado, pois achei que iriam me dar um pílula milagrosa e poderia voltar ao peso ideal rapidinho. Fui buscar ajuda em Deus, para ver qual direcionamento ele me daria.

"Persistir no erro, uma burrice"

Um ano e meio depois, novamente busquei ajuda para retomar o tratamento, dessa vez com uma meta maior de perda, 28 Kg. Em 4 meses perdi apenas 18 Kg, onde o remédio parou de fazer efeito. Abandonei os medicamentos e 1 ano depois estava com 136 Kg. Como todo mundo diz: "Sou brasileiro e não desisto nunca", em 2007, voltei a procurar ajuda médica,desta vez com um endocrinologista. Em novos exames, além da hipertensão, ganhei uma alteração hormonal na glândula tireóide. Não posso afirmar, pois não tenho formação acadêmica para tal, mas acredito que isso foi consequência do uso indevido dos medicamentos manipulados. Novamente foram dietas, caminhadas e um medicamento a base de Sibutramina, um novo "milagre da medicina. Dois meses depois de intensas caminhadas, dietas e medicamentos, se foram apenas 4 Kg, muito pouco para quem precisa perder mais. Vou aproveitar para fazer um desabafo, toda vez que ia ao médico, vinham dietas de 1000 ou 1200 calorias, isso me matava de raiva, pois não conseguia entender (e não consigo até hoje), como diminuir de um dia para outro, algo que levaram anos para chegar a tal nível. Parei o tratamento e 4 meses mais tarde, eu estava com meus atuais 140Kg.

"Não existe fórmula mágica para o emagrecimento"

Me mudei para Uberlândia em Minas Gerais há 7 anos. Em 2002 já estava com 117 Kg, resolvi procurar ajuda médica, pois já havia tentado de tudo para emagrecer: sucos, shakes, chás milagrosos, remédios fitoterápicos (entre eles, beringela, quitosana, etc.), sopa de tudo quanto é jeito, mas sem resultados. Fui a um médico em uma clínica estética, depois de alguns exames novamente apareceu a hipertensão. Ele me receitou um medicamento manipulado, dentre os quais, em sua fórmula, haviam: anti-depressivos, moderadores de apetite e diuréticos. Em 45 dias eu havia emagrecido 17 Kg, ficando com 100Kg. Ai cometi mais um erro, ao achar que já não precisa mais dos remédios, pois alcançara meu objetivo e não precisaria mais de ajuda, parei o tratamento, cortando os remédios de uma só vez. É muito importante salientar que não existe fórmula mágica. Qualquer tratamento com drogas é muito perigoso, pois assim como um usuário de drogas, não consegue parar de um dia para o outro, o medicamento para emagrecer também deve ser retirado aos poucos, pois quando perdemos peso, nosso organismo está com a informação de que algo de errado está acontecendo conosco, e que reserva que tínhamos, não foi suficiente para nos manter no peso ideal. Com a parada abrupta do medicamente acontece o chamado "efeito sanfona" pois o hipotálamo (região cerebral) pede que seu corpo crie mais reserva, pois caso aconteça novamente um "problema" a sua reserva seja maior e não perca o peso ideal que no meu caso eram os 117Kg. Seis meses depois eu estava com 128Kg...

"Saiba identificar os alertas que o seu corpo dá"

Quando eu estava com 22 anos, 107 Kg, levei minha filha que estava febril, ao Pronto Socorro em Osasco, onde eu morava. Chegando lá, enquanto era atendida, aproveitei para verificar uma dor de cabeça que já perdurava por 2 dias. Ao verificarem minha pressão arterial, que estava 16 x 10, deram-me um remédio e me deixaram em observação por 1 hora. Minha filha foi medicada e teve alta e eu ainda estava aguardando uma nova aferição de pressão. Nesta nova aferição minha pressão não havia baixado nada, medicaram-me novamente e pediram para aguardar mais 1 hora, impaciente sai do hospital e fui embora para casa. Alguns meses depois fui a um médico que diagnosticou uma hipertensão, sendo necessário uso contínuo de medicamentos. Novamente fugi do tratamento. Mal sabia eu, que se tivesse parado para dar atenção aos sinais que meu corpo estava dando, hoje, seria menos traumático o tratamento para perca de peso e controle da pressão arterial. Não ignore os sinais que a sua saúde lhe dá, pois são importantes no diagnóstico precoce, se tudo estivesse bem, não haveria nenhuma sinal de anomalia, fique sempre atento!!!

"Para vencer um problema, é preciso admitir que ele existe"

Quero relatar aqui, minha trajetória em busca da perda de peso. Creio que é mais fácil aprender com os erros alheios, do que com os próprios erros. Tenho 30 anos de idade, 1,85m, 140kg, imc=40,90. Luto contra a obesidade desde os 19 anos de idade e quero ajudar as pessoas a enfrentar essa doença. Nesta ocasião eu tinha 90 Kg, apenas um sobrepeso e não me importava muito com isso. Hoje vejo a necessidade de se diagnosticar e aceitar uma doença logo no início, pois é mais fácil tratá-la. Sempre achei que seria fácil emagrecer, acreditando que a obesidade era coisa de "gente preguiçosa" não levando em consideração os fatores que nos levam a ela. Quero a partir desta postagem inicial, ajudar pessoas com o mesmo problema, pois estou passando por um processo pré-cirurgia bariátrica e vou relatar tudo o que fiz nestes quase 12 anos para perder peso e não obtive sucesso. Não sou médico, por isso é muito importante observar que as informações aqui colocadas são apenas para efeito informativo e não de tratamento, somente você e um profissional podem lhe ajudar.